Mulher inteligentíssima, revolucionária, marcante e única, que apresenta brilhantemente a cultura brasileira ao mundo.
Não tem como falar de arte do Brasil sem citar Tarsila do Amaral, a artista modernista internacionalmente reconhecida que transborda elementos brasileiros e os espalhou pelo mundo com excelência.
Tarsila do Amaral nasceu em 1 de setembro de 1886 em Capivari, interior de São Paulo. Sua família era muito rica e dona de fazendas, ela e os irmãos sempre tiveram acesso à educação de ponta, estudou no Colégio Sion em SP, 1902 foi para Barcelona continuar seus estudos. Lá ela pinta seu primeiro quadro aos 16 anos, fazendo cópia do Sagrado Coração de Jesus.
Depois ela volta com a mãe para o Brasil e se casa com André Teixeira Pinto e tem sua única filha chamada Dulce, depois de alguns eles se separam, pois ele se mostrou muito conservador e esperava que ela ficasse cuidando da casa enquanto Tarsila queria estudar e produzir arte.
Em 1917 ela começa a estudar desenho e pintura com Pedro Alexandrino, e é onde conhece Anita Malfatti.
Em 1920, embarca para Paris para estudar na Académie Julien e com Émile Renard. Ainda na Europa ela troca correspondências com Anita falando sobre o cenário paulista artístico e cultural, ficando sempre por dentro das novidades.
Em 1922 sua pintura Figura foi aceita no Salão Oficial dos artistas Franceses, ela passa a chama-la de Passaporte pois foi sua entrada no cenário artístico Europeu.
A Semana de Arte Moderna de 22 acorreu em fevereiro, enquanto Tarsila estava em Paris ela só retorna em junho, quando chega Anita a apresenta ao grupo modernista, Oswald de Andrade e Tarsila começam a ter um relacionamento pouco tempo depois de se conhecerem. Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Mario de Andrade e Menotti Del Picchia formam o Grupo dos 5, dividiam ideias, organizavam encontros, sempre juntos.
Nessa época o estilo de pintura de Tarsila passa por transformações, cores mais fortes, pinceladas mais rápidas e carregadas de tinta agora caracterizam suas obras, provavelmente por influência de Anita. Ela retorna para Paris em dezembro do mesmo ano e escreve para sua família de lá “Sinto-me cada vez mais brasileira quero ser a pintora da minha terra.” E foi um pouco depois que ela pintou “A Negra” (1923), uma de suas telas mais famosas e simbólicas.
Em Paris Tarsila fica amiga do poeta Blaise Cendrars que a apresenta aos intelectuais da cidade, como Picasso e Casal Delaunay com quem ela estudou, se aproximou e acabou se envolvendo com o cubismo. Algum tempo depois, Blaise veio pro Brasil acompanhado de Tarsila e outros amigos, foi para o carnaval do Rio de Janeiro e visitou algumas cidades históricas de Minas Gerais. Assim que tem contato com as paisagens, cores vivas e com o povo brasileiro, Tarsila se sente inspirada e conectada com sua cultura e entra numa na fase da sua pintura denominada Pau Brasil, ‘Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, …’ E foram as cores que viraram forte marca da artista, juntamente com as típicas paisagens brasileiras, incorporando às suas obras também o estilo cubista presente nas vanguardas europeias
Em 1926 ela realiza sua primeira Exposição Individual na Galerie Percier, em Paris que teve boas críticas.
A tela ‘A Cuca’ (1924) foi comprada pelo Fundo Nacional de Arte Contemporânea Francês e a primeira obra em que ela representa seus bichinhos marcantes e muito característicos da artista.
Em 1928, Tarsila produz e dá de presente de aniversário à Oswald a tela ‘Abaporu’, ele se sentiu imensamente inspirado por aquela obra, sua percepção foi de um ‘homem plantado na terra’, logo foi procurar um nome que transmitisse o que ele sentiu. Com a ajuda do dicionário tupi-guarani ele chega em Abaporu, ‘aba’ significa homem ‘poru’ que come, ou seja, homem que come o homem. Mas o que isso significa? Sugere que os artistas engulam a cultura europeia que era a mais vigente e influenciadora na época, juntem com elementos bem brasileiros e assim criem algo novo e original, valorizando muito nosso país, esse é o conceito do Movimento Antropofágico que foi diretamente inspirado pelo Abaporu.
Sua 1ª Exposição Individual em solos brasileiros aconteceu em 1929, no Palace Hotel localizado no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano Oswald se envolve com Patrícia Rehder Galvão, também conhecida como Pagu, e então Tarsila resolve se separar dele.
Em 1929, também houve a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque que gerou uma crise econômica mundial, como consequência o preço do café cai drasticamente, afetando muito Tarsila e sua família que tinha sua renda baseada nos cafezais de suas fazendas, deparada com essa situação de dificuldade financeira, a artista começa a trabalhar como Conservadora da Pinacoteca de São Paulo por algum tempo. Em 1931, ela viaja a Rússia com seu namorado da época, Osório Cesar, e em Moscou realiza uma exposição. Relatos contam que eles também passaram grandes dificuldades financeiras nessa viagem e Tarsila chega a trabalhar como operária em construções e pintora de paredes e portas para juntar dinheiro para retornar ao Brasil. Por conta da viagem para a União Soviética e a presença em algumas reuniões de esquerda, quando chega no seu país Tarsila é presa por cerca de 1 mês.
Houveram alguns acontecimentos trágicos na vida de Tarsila, no ano de 1949, sua única neta Beatriz pula em um lago em Petrópolis afim de salvar uma amiga que estava se afogando, porém, as duas meninas morrem afogadas. Em 1965, ela passa por uma cirurgia para resolver seus problemas de coluna, mas por um erro médico ela acaba paraplégica. No próximo ano ela perde sua filha Dulce, e como refúgio fica cada vez mais próxima do espiritismo.
Com depressão, Tarsila do Amaral morre dia 17 de janeiro de 1973, em São Paulo, deixando mais de 2 mil trabalhos notáveis à arte brasileira.
Em 1995, sua obra mais icônica ‘Abaporu’ foi avaliada em 1 milhão e meio de dólares, hoje estimasse que a obra valha 45 milhões de dólares.
Em maio deste ano houve a Exposição Tarsila Popular no MASP (Museu de Arte de São Paulo) reunindo mais de 50 obras da artista, contendo as mais relevantes e icônicas de sua carreira. Por conta da grande demanda de visitantes as datas tiveram que ser prolongadas, a exposição reuniu mais de 400 mil pessoas, superando o público da exposição de Monet em 1997.
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