As atividades propõem a busca pela reflexão e resolução de problemas e apresentam possibilidades para o desenvolvimento das competências e habilidades gerais da Base Nacional Comum Curricular.
Se a utilização dessa metodologia de aprendizagem tem, ao menos, meio século de história, por que a implantação dos projetos integradores nas escolas ainda é um tema de discussão para professores e gestores? O que há de diferente na proposta e na aplicação desses recursos e quais os caminhos propostos para a escola? Estes foram os questionamentos feitos a autores e profissionais desse segmento.
O que são os projetos integradores?
Em linhas gerais, são propostas pedagógicas que utilizam a metodologia de projetos para integrar, em uma proposta desafiadora e inspiradora, diversos componentes curriculares no processo de ensino e aprendizagem. Eles favorecem a maior participação dos estudantes e apresentam possibilidades para o desenvolvimento das competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
As atividades abordam temas transversais, com assuntos que percorrem diversas áreas do conhecimento e que, paralelamente, colaboram para a educação socioemocional, com foco na formação do estudante e sua preparação para vida em sociedade e para o mercado de trabalho. No desenvolvimento desses projetos, a aprendizagem é um processo que tem os estudantes como protagonistas e o professor como orientador.
No entanto, no decorrer das atividades, toda comunidade é envolvida pela relevância dessa
proposta. O objetivo é o de produzir insights que podem ser importantes na aplicação prática dessas ferramentas em busca de bons resultados entre profissionais da educação, estudantes, pais e responsáveis.
Ao mesmo tempo que os alunos refletem sobre um tema, ele se constitui no uso e aplicação sobre suas habilidades cognitivas”
– Silvana Rossi Júlio, da FTD Educação
Um novo olhar
Como explica a autora da coleção Ativa Projetos Integradores, Aparecida Mazão, as ações típicas de
projetos integradores sempre estiveram presentes nas escolas – como exemplo, estão as feiras de ciência, as mostras culturais e as atividades de investigação que envolvam estudantes, professores, coordenadores, gestores e comunidades diante de um tema comum.
“Não estamos apresentando uma metodologia desconhecida; o diferencial é entender essa proposta como uma estratégia intencional, planejada e organizada no cotidiano escolar”, ressalta. Os professores auxiliam os estudantes na elaboração de hipóteses e caminhos possíveis, no desenvolvimento de argumentação para as problematizações e na busca e compartilhamento de
soluções múltiplas, criativas, autorais e coletivas para as situações propostas nos projetos.
As atividades e experiências motivadoras são, em sua totalidade, pautadas em evidências científicas, que vão possibilitar a solidez necessária para o processo de aprendizagem. “A investigação, a tomada de decisões e a atuação das equipes para atingir os objetivos propostos e situações problemas são algumas das estratégias dos projetos integradores para a obtenção de resultados determinados”, comenta a autora.
As aprendizagens propostas nos projetos integradores estão relacionadas aos métodos de investigação e, para isso, são sugeridas experiências que envolvem a observação, a coleta, a seleção de informações, a elaboração de soluções e a reflexão sobre os resultados obtidos, que são caminhos para explorar os temas com criatividade e autonomia, além de propor o exercício da empatia e do diálogo.
Os desafios para os professores
Na opinião da diretora-adjunta de produtos e serviços na FTD Educação, Silvana Rossi Júlio, além da reflexão sobre problemas mais próximos à realidade e da formulação de propostas criativas para sua vida em comunidade, há, ainda, a característica do desenvolvimento processual.
“Ao mesmo tempo que os alunos refletem sobre um tema, ele se constitui no uso e aplicação sobre
suas habilidades cognitivas”, observa. Diante dessa dinâmica, a diretora reforça a importância de acompanhamento do seu processo e um mapa de avaliação que dê visibilidade aos pontos de aquisição e, também, às necessidades de aprofundamento e melhoria.
“Nos livros de projetos integradores, propostos para o Ensino Fundamental e Médio, sugerimos temas e, principalmente, estratégias que buscam desenvolver as competências e habilidades”, complementa Silvana. Os projetos integradores trazem para os docentes do Ensino Fundamental e Ensino Médio propostas atrativas que devem estar presentes no cotidiano escolar.
Porém como ressalta Mazão, “o maior desafio é pensar e atuar de forma interdisciplinar e integrada, relacionando os temas de cada componente curricular, as competências e as habilidades das áreas de conhecimento”.
Que paz desejamos?
Essa é a pergunta-chave que conduz o trabalho em um projeto integrador que convida os estudantes para identificarem pessoas, manifestações e instituições que atuam na construção da cultura de paz.
O objetivo é o de buscar valores e atitudes voltadas para o respeito a vida e, ainda, para atuarem como protagonistas, na promoção dos direitos humanos.
Os estudantes serão estimulados a elaborar argumentos estruturados em informações confiáveis, apoiadas pelas mídias digitais e produzir uma manifestação artística pela paz, utilizando as diferentes situações descritas e vivenciadas durante a investigação.
E por mais que a própria nomenclatura já denote esse tipo de relação, na visão da autora, a integração representa um obstáculo a ser superado – “isso é uma grande dificuldade, principalmente porque os educadores, no dia a dia, atuam cada um dentro da sua especialidade”, diz.
Nesse contexto, para aplicar os projetos integradores, o diálogo e as ações de planejamento devem ser constantes e envolver gestores, coordenadores e professores para a elaboração das práticas fundamentais para a implementação dessas propostas.
“Não estamos apresentando uma metodologia desconhecida; o diferencial é entender essa proposta como uma estratégia intencional, planejada e organizada no cotidiano escolar”
Aparecida Mazão, Autora
Artigo produzido pela FTD Educação.