Por Eduardo Zugaib
No momento em que escrevo este texto, estamos todos tentando digerir a grande crise que assola nosso país. Curiosamente, os versos que abrem este artigo – o refrão de um dos eternos sambas do brasileiro Paulinho da Viola – já têm mais de trinta anos. O curioso aqui é óbvio: ele também fala sobre a crise no Brasil.
E serve para lembrar-nos de que, em todos os momentos da nossa história pessoal ou da história do nosso mundo, mesmo naquele em que tudo possuía uma aparente estabilidade, sempre estivemos digerindo uma ou várias crises nos mais diversos ambientes: político, econômico, ambiental e por aí vai.
Hoje, exatamente hoje, enquanto você lê este texto, há um mundo que está acabando e um mundo novo que está surgindo. Ontem foi assim também. Amanhã também será assim. Independentemente dos dias que já vivemos, sempre estivemos no ponto em que havia um mundo acabando e outro mundo começando.
Quando o homem descobriu o fogo, a roda, inventou a pólvora, empreendeu navegações em busca de novas terras, inventou vacinas, iniciou guerras, enfrentou catástrofes… Tanto em fatos mais significativos como esses, como também naqueles mais cotidianos, a humanidade sempre esteve no exato momento em que um mundo velho acabava e um mundo novo iniciava.
Saindo do plano macro para o pessoal, você se lembra de algum fato negativo que tenha acontecido já há alguns anos com você e que tenha resultado em uma crise? Pode ser um fato pessoal, como a perda de um familiar querido, ou profissional, como uma demissão inesperada ou a evaporação da empresa em que trabalhava e apostava todas as suas fichas e pretensões. Responda a si mesmo, com sinceridade: ao longo dos anos, depois da digestão do fato em si, você se tornou mais forte ou mais fraco? A probabilidade de ter ficado mais forte é maior.
Mudança é a única certeza da vida, depois “daquela outra” que todo mundo já sabe. E quando a mudança chega, as alternativas que nos restam são poucas, duas apenas: ser vítima e deixar-se levar pela onda, ou ser um protagonista, entendendo a mudança e promovendo transformações e novos conhecimentos a partir dela.
Diante do desemprego, um dos grandes fantasmas que nos assombram, provocado pela iminência de uma crise que pode tanto estar acontecendo no plano macro do mundo, como num plano menor, que é o da empresa, ou num plano micro, que é o da nossa vida pessoal, quais são as alternativas? De repente, num dia qualquer, você é chamado pelo seu chefe e “Lamento, mas você está… demitido!”.
O que fazer? Sentar e chorar, esperando alguém ter pena de você? Ou despertar um espírito empreendedor, tratar logo de melhorar, de buscar oportunidades, ciente de que certos erros e comportamentos antigos deverão ser abolidos para sempre da nossa vida, mesmo sabendo do risco disso não dar em nada?
Imagine que duas pessoas levem um pé no traseiro ao mesmo tempo. Que elas sejam demitidas no mesmo dia, da mesma empresa, numa situação que não possui nada de incomum. Enquanto uma delas opta por ficar em casa, se vitimizando, excomungando o ex-chefe, resmungando e enchendo a paciência de toda a família, a outra acorda cedo já no dia seguinte, lava o rosto, respira fundo, veste sua melhor roupa, estampa na face o seu melhor sorriso e trata logo de procurar um novo trabalho.
Qual delas está mais apta a perceber uma oportunidade, por menor que ela seja?
Que tal mudar um pouco de lado no balcão? Imagine que você é o empresário ou profissional encarregado das entrevistas com futuros colaboradores. Qual destas pessoas você contrataria? A que guarda as panelas ou a que as deixa expostas, limpas, areadas e brilhando?